domingo, fevereiro 10, 2008



La Nouvelle Vague


Ciosos da necessidade de criar lugar e estatuto, os economista da nova vaga que, afinal não constitui nada mais, nada menos, do que uma muito velha com nova roupagem, assumem que a sua visão é uma visão integral do mundo, do indivíduo e das suas relações. Por consequência, não é um pedaço da Humanidade que pretendem submeter ao afiado gume do seu bisturi, mas sim toda ela, no pressuposto de que qualquer acção humana detém natureza económica.


Entram, assim, naquela competição desenfreada e irracional por um lugar de "excelência" no ranking das ciências, esquecendo, indesculpavelmente, o facto de que a análise de qualquer objecto, para assumir validade científica, deve incorporar os resultados de uma integração multidisciplinar, sob pena de reduzir a perspectiva e influenciar decisões insustentadas, passíveis de graves e irremediáveis consequências.


Começam por blindar o sistema teórico que lhes serve de base, enfeudando-se a axiomas de duvidosa consistência, entre os quais está o da racionalidade. Este famoso axioma afirma que qualquer agente económico tomará sempre a decisão mais acertada e eficaz, em termos económicos. Convém salientar que economistas off side contrapõem argumentação de carácter mais ajustado, contestando a racionalidade das ditas decisões. Mais informados acerca da natureza do homem, muito pouco racional e extremamente instintiva, reconhecem que o homem, ser vivo não privilegiado em dotes, se comportará mais como elemento anónimo de um qualquer rebanho, assumindo comportamente inexplicáveis e imprevisíveis, que incorporarão constrangimentos na pretensamente inexpugnável nova teoria económica. É a denominada Economia Borboleta.


Censores inescrupulosos, os ditos economistas Nouvelle Vague, desprezaram Keynes e apagaram Marx, obliterando os seus contributos para a ciência de se dizem defensores. Tomam como modelo a roda livre da competitividade desenfreada e sem controlo, remetendo para a selecção natural a retoma de mais um qualquer equilibrio rompido.


Rejeitam, por consequência, o papel interventivo e regulador do estado na economia, provavelmente a sua mais nobre função. Estrategicamente amputam-lhe os meios de exercer esse controlo, remetendo essa tarefa para o mercado, com as consequências nefastas que a costumada reacção tardia deste elemento provoca no tecido económico e social.


Descobriram a verdade la palissiana de que, para introduzir equidade no sistema, seria necessário retirar a uns para dar aos outros, sendo isso execrável, porque contende com a natureza divina e infalível do mercado. Sobrepõem a definição de preço à de custo, sonegando aquela noção de mais valia sabiamente introduzida por Marx.


Sustentam-se num fenómeno implausível designado por crescimento económico contínuo, estimulado por uma insana aceitação da inexauribilidade de recursos e de uma extensão ao infinito do mercado.


E, obviamente, esquecem-se do panorama de breu que se avizinha, com a deplecção irremediável do petróleo e a ausência aparente de alternativas, com aquela terrível espada de Damocles suspensa sobre a civilização ocidental, que constitui a deslocalização em força e em curso para leste e oriente.


Evidentemente serão responsabilizados, a seu tempo, por inércia decisiva e insensibilidade social.

O mercado e as suas leis tudo remediarão, tarde e a más horas, com chagas confrangedoras, mas remediarão... a seu tempo. Criacionistas, por natureza, respeitam, resignadamente, a metodologia de um presumível criador que, injectando nos genes da sua obra o material considerado essencial à propagação da vida, se desvincula e se coloca, serenamente, no estatuto de mero espectador.


Cá por mim, informo que já cativei lugar para o espectáculo. Num lugar muito próximo da saída.

Palavra do Monge