segunda-feira, fevereiro 19, 2007





O INQUIETANTE NARCISISMO DO ÚLTIMO SÍMIO



O antropocentrismo arrastou-nos de uma visão miserabilista do ser humano até à sua oposta e extrema versão: o Homem Deus. É uma patologia pandémica que cativa e vicia. Tem como corolário a impossibilidade de análise do indivíduo sustentada nos dados biológicos que o catalogam como primata.



A ciência, neste particular, é crua e dura. Geneticamente, as diferenças entre homem e macaco são insignificantes. Exterior e interiormente espelhamos a nossa intrínseca animalidade.

Cada um de nós é um modesto repositório de misteriosos processos químicos, tendentes a um único e fundamental destino: a nossa sobrevivência individual, na exacta e exclusiva medida em que isso contribui para a sobrevivência da espécie.


Numa perspectiva ontogénica, somos condicionados pelo determinismo das leis naturais. Elas empurram-nos inexoravelmente para a competição, vulgo competitividade, individual e grupal. O princípio é o da prevalência do mais forte. Os nossos genes são o nosso legado, a garantia de uma eternidade por procuração, o elixir do Alquimista.


Fica explicado o sucesso do individualismo, fulcro do capitalismo neoliberal. De facto, nada tem de inovador. É uma réplica dos processos naturais, aplicada aos indivíduos e às organizações. Não se trata de um progresso, mas de um plágio. Nada tem de criativo. Só demonstra que carregamos sobre os ombros o terrível suplício de Prometeu: a eternidade de um cansativo e desgastante processo cíclico. Na nossa individualidade, uma luta desigual entre as partes altas e as partes baixas. Trazemos o neoliberalismo amarrado às partes baixas. Bolas!


Fica explicada a falência previsível de tentativas para dignificar o ser humano. Ideologias e teologias chocam fragorosamente contra óvulos e espermatozóides. E perdem frequentemente.

Mas o que o Monge mais admira é a persistência de certas franjas da Humanidade em contrariar aquilo que, aparentemente, não é passível de ser contrariado. É uma guerra feita de muitas batalhas perdidas e algumas vitórias. Poucas...


Estamos numa época em que a nossa faceta simiesca predomina, em que a competitividade é a palavra de ordem, em que a corrida aos genes é o divertimento da moda. É a era da Besta.

O Monge olha à sua volta e desconsola-se com o pulular de um sem número de narcísicos símios engravatados. Mas acha graça às grotescas figuras. Afinal tem o Zoo ali mesmo à mão. E de graça!


O Monge antevê que castrar o individualismo vai ser uma dolorosa e prolongada tarefa.

Vamos a ela. De novo...

O Monge solidariza-se com os símios que sabem que o são.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

"Luís Amado põe as mãos no fogo pelos seus antecessores..."
in RTP

"Ana Gomes usa terrorismo mediático"
Hélder Amaral, do CDS-PP



Este folhetim mediático cheira mesmo a esturro. Mais tarde ou mais cedo vamos ter à velha paranóia do Monge, ou ao seu apurado sentido do olfacto. Lembram-se dos odores sulfúreos, os tais que Chavez pressentiu inopinadamente? Pois o Monge acha que, de facto, Luís Amado já pôs as mãos na fogueira infernal. Está definitivamente queimado, chamuscado. Pelo teor do cheiro já pôs lá mais que as mãos...
O que O Monge estranha é a santa generosidade de Luís Amado. Ele aceita ser estigmatizado pelos seus antecessores. Intrigante. Mas será que tal postura terá como origem evitar queimar as ditas pelas suas próprias decisões ou pelas da governança a que heroicamente pertence?
Evitemos, desta vez, o paleio em círculos do Monge. Todos sabemos que os aviões passaram por aqui com a sua misteriosa carga. Também todos sabemos que, qualquer que fosse o governo, isso aconteceria. Os odores sulfúreos intimidam, atemorizam e, em último caso, impõem autocratica e unilateralmente. Não havia, realmente, alternativa.
Quanto a Ana Gomes, ela é a voz dos que se destacam pela coragem, pela "excelência", pelo "mérito" com que desempenha as suas funções. Mostra elevados padrões de "produtividade" e de "competitividade" neste mundo definitiva e assumidamente Darwinista. Digníssimo Hélder, a pessoa em causa mostra um perfil optimizado pelos seus padrões de medida da natureza humana. O Monge acha-a e sempre a achou um pouco intempestiva nas intervenções, mas reconhece que tem a têmpera dos que remam obstinadamente contra a maré que, neste caso, cheira a esturro.
Quanto a terrorismo mediático, não há problema. Confrontamo-nos com ele tão frequentemente que se banalizou.

Palavra do Monge

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

P.S.

Arre Monge! Assim é demais. Então não é que o patrão do outro veio dizer que o empregado tinha razão! Isto é orgulho, arrogância e uma preocupante tendência ditatorial. Decididamente, para além de não ter perfil, começa a tornar-se perigoso, muito mais do que se presumia. Vade retro!

quinta-feira, fevereiro 01, 2007



AI QUE VONTADE DE RIR!


Deixem-me rir. O humor é um santo remédio. Mesmo quando a sociedade mostra sinais preocupantes de uma pandemia galopante. O neoliberalismo é a peste do século XXI. O Monge não é médico, mas sente um estranho formigueiro quando contacta com este termo obsceno.


Vamos directos ao nosso alvo, Manuel Pinho de seu nome. Pretenso ministro da Economia e Inovação. Inovação, sublinhe-se.


Pois esta digníssima personagem, em palco oriental, mostrando sintomas claros de ter sido afectado pela pandemia citada, referenciou este nosso berço como local privilegiado para o investimento chinês. Mostrando ser defensor acérrimo daquela parcela que tutela, a da Inovação, apresentou como razão para tal investimento os baixos salários dos trabalhadores portugueses.


Confrontado com tal deslize, típico de gente com duas caras, uma das quais se pretende continuamente camuflada, para uso reservado e elitístico, apostrofou os críticos como mentes atrofiadas, detentoras de má fé.


Deixem-me rir! Então este homem das duas caras, apanhado em falso ao mostrar a sua sigilosa faceta neoliberal, chama burros aos pretensos detractores? Então este ministro da Inovação vai oferecer salários baixos em sede de salários baixíssimos?


O Monge está de crer que o ministro tem razão. O Monge é burro. O Monge não compreende a estratégia. Face ao disposto, promete que vai fazer um tratamento vitamínico adequado e inscrever-se no primeiro curso de requalificação que lhe aparecer. Começando por baixo.

Esta é boa! O Monge é burro. Nunca tinha pensado nisso...

Palavra do Monge