À M.
Com imensa admiração
Menina, criança-mulher,
Que nasceste já imersa
Em mar turvo e tormentoso,
Por que não largas teu sorriso,
Tão gentil, tão generoso,
nas garras de mão adversa,
Que tudo destrói, sem aviso?
Que lição é essa, a tua,
Que só agora entrevejo?
Menina, criança da rua,
Criança-mulher, como invejo,
No sorriso, a coragem,
No olhar, uma alegria,
O gozo de uma viagem,
Que eu tinha por sombria.
E, no entanto, quantos medos,
Que angústias, quanta dor,
Quantos recônditos segredos,
Escondes com amargor,
Por detrás do teu sorriso?
Sorriso de mulher-menina,
Olhar de mulher-criança,
Como encaras tua sina,
Sem largar mão da esperança?
Menina feita mulher,
Mais cedo do que merecias,
Navega sem esmorecer,
No mar sinuoso dos dias,
Sem jamais deixar morrer
Teu sorriso de menina.
O Monge
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