quarta-feira, janeiro 30, 2008

Quedas e quedas, Lda.






Caiu o ministro e mais uns positos. Não caiu a ministra, a tal. Não me vou vangloriar da coisa. Esta ministra e aquele ministro não deviam passar de meras personagens de ficção. Esta realidade tem a crueza e a dureza de um pesadelo. Estes personagens não deviam ter existido. São máquinas destrutivas, trituradoras. Bastaram dois anos para que, cirurgicamente, se desmantelassem as coisas mais bonitas da Revolução de Abril. Pão, Paz, Saúde e Educação. Lembram-se do consagrado canta-autor e do seu estilo corrosivo de intervenção...



Temos agora, no decurso de medidas denotadoras de uma manifesta incompetência técnica ou, pior ainda, na prossecução de estratégias calculadas para demolir os sectores nobres do Estado, uma saúde feita em cacos, uma educação que sobrevive graças à inesgotável disponibilidade e notável vontade dos professores, indiferentes aos ataques cruzados de francos atiradores inescrupulosos. Assistimos agora, ao ataque ao terceiro poder, coagindo, intimidando infamente, desestabilizando, para enfraquecer a sua intrínseca vocação de fiscalizar os outros poderes, que o não querem ser, vamos lá saber porquê...



É o poder económico no seu melhor. No seu pior para a grande maioria dos portugueses. Introduziram mercenários sem alma, sem carácter, sem integridade, nos meandro do poder político. A corrupção banaliza-se e dissemina-se com a eficácia mais virulenta.



Adoptam-se modelos que não são exemplo. Abdica-se subservientemente do nosso potencial, da autonomia de prosseguir um caminho próprio, original, ajustado à nossa idiossincrasia. Os nossos governantes não têm imaginação, nem deixam que outros a manifestem. São extremamente quadrados, redutores e reducionistas.



Esta coisa do PS já foi chão que deu uvas. Murchou e descaracterizou-se. Para nosso mal. Com esta política suicida, auguro tendências fracturantes no seu seio. O PSD já vai esfregando as mãos, entregue a um tal de Filipe, O Oportunista. Futuro sombrio este!



Aquela coisa da União Europeia já foi chão que deu uvas. Está nas mãos de quatro ou cinco mandões. Os outros são os fantoches, com uma função simples, abanar afirmativa e solenemente o capacete.



O referendo foi para as urtigas. Os interesses instalados têm medo da democracia. Emitem baforadas, jactos de enxofre, à sua menção, imagem ou sugestão. Nada de participação da plebe. Quanto menos confiança, melhor.



Em suma. Regredimos na qualidade do exercício da cidadania. Regredimos na qualidade de vida. Regredimos na oportunidade e igualdade de acesso a serviços essenciais. A Humanidade não se consegue desvincular do perpétuo e inexorável ciclo de crises sucessivas, estigma genético do capitalismo. Prova provada da incapacidade de previsão e acção daquele Corpo tão em voga: os economistas pomposamente formados em universidades anglo-americanas. Um caso exemplar de insucesso escolar.



Um Bom Ano.



Palavra do Monge

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