segunda-feira, junho 20, 2005

O distanciamento assume-se definitivamente como uma virtude. O envolvimento impõe-se amiúde como uma necessidade. São estas as dimensões do Mundo do Caos. São estas as regras do Dono do Mundo do Caos: o Monge. Tem a pregorrativa de se afastar quanto quer e quando quer. Afasta-se para melhor observar. Domina o tempo e o espaço. Vê ordem onde o comum dos mortais se amortalha no casulo da sua limitada visão. Envolve-se com a oportunidade que lhe convém. Envolve-se premeditadamente. Conhece os fins, domina os meios. Age para mudar. Escuta e vê. Fundamentalmente, pensa e julga. Abomina comentários, intrusões no seu livre arbítrio. Pois sabe que os amortalhados estão contaminados. Porque confinados aos limites estreitos do seu casulo. Porque, infelizes sem o saberem, estão agrilhoados e agrilhoam. Julgam que vêem e são cegos. Espreitam o mundo pela brecha gradeada de uma prisão e aquele minúsculo pedaço de céu, aquela mancha amortecida de luz, uns resquícios entrecortados de vida, são por eles tomados pela Vida, pelo Mundo, na sua totalidade e infinitude. Cuidado com o seu verbo sedutor, com a sua sua retórica inflamada mas insustentada. Não voam, mas não deixam voar. E aí está o seu grande pecado e a razão do seu proporcional castigo. O Homem nasceu para voar, para respirar a liberdade, para fruir a beleza de um mundo sem caos. Existe para o conseguir, para colocar ordem onde ela parece estar ausente, até que, definitiva e seguramente, todos os homens consigam planar nas alturas da sua intrínseca grandeza e ver com a crueza da águia o mundo como de facto é. Assumir-se-ão, então, como donos do Mundo do Caos. Com as faculdades que tal estatuto lhes confere, envolver-se-ão e serão activos agentes da mudança. Não aquela mudança sectária e segregadora, aparente e elitista, mas aqueloutra que beneficiará todos e cada um. Benvindos ao Mundo do Caos. Palavra do Monge.

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