Tudo aquilo que eu disser
Seja gravado na pedra;
Tudo aquilo que eu fizer
Seja a Paz ou seja a Guerra;
Será um cisco de Memória
No areal vasto da História.
Seja gravado na pedra;
Tudo aquilo que eu fizer
Seja a Paz ou seja a Guerra;
Será um cisco de Memória
No areal vasto da História.
O MONGE
O Homem detém uma fragilidade que é condição de desequilíbrio da evolução da Humanidade. Nem o facto tão propagandeado do aumento da esperança de vida vem dar uma ajuda a esta problemática. Pois é. O Homem é um ser efémero e nessa efemeridade reside, a razão profunda do Caos no Mundo. Cada um de nós retém memórias que são infinitesimais em termos do curso da História. Por outro lado, essas memórias devem ser significativas. E sê-lo-ão tanto mais quanto maior for o grau de envolvimento pessoal nos actos geradores de memórias. Como a vida do Homem é curta, fica coarctado o acesso a factos ou conjunturas que se mostraram como cruciais no percurso histórico. A Revolução de Abril ocorreu há 31 anos. Muita da nossa população activa não viveu as dinâmicas sociais da época. Nâo se envolveu, não se implicou, não chorou, não gritou, não riu nem sorriu. Não lutou, não sofreu por uma utopia, por uma nesga de esperança, por um projecto de vida, por um modelo de sociedade. Outros sim, o fizeram e são definitivamente credores da nossa gratidão. Graças a eles, pedaços de Utopia desagregaram-se e ganharam corpo em princípios, em garantias, em direitos. Repare-se, direitos, não regalias, privilégios ou outras mordomias que entraram na retórica de um neo liberalismo insidioso. Este quadro de direitos é sagrado, com a sacralidade que advém das coisas sofridas, de acções convictas de gerações e gerações, de vitórias e derrotas, de avanços e recuos. E todos nós fruimos essas conquistas, numa sociedade, apesar de tudo, mais igualitária e mais justa. Por isso, o Monge aponta-te o dedo e adverte-te: és corresponsável pela manutenção daquilo que foi obtido amarga e duramente, por quem viveu, por quem sofreu, por quem chorou, por quem lutou. Para que não sofras o que os Outros sofreram, para que não chores o que os Outros choraram. Eles legaram-te um mundo melhor. Assim tu o faças aos teus filhos. Palavra do Monge.
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