sexta-feira, junho 29, 2007

Autor desconhecido - In BeinArt.org




ANDAM A ENGANAR OS PACÓVIOS!



Recuso-me terminantemente a que predeterminem a minha esperança de vida. Estatisticamente, acho isso um absurdo. Mais ainda: uma impossiblidade. Embora fique cativado e agradecido com os anos que lhe acrescentaram. E pesaroso com as condições de vida em que também predeterminaram que vivesse esse intervalo que generosamente me doaram.


A verdade é que o valor determinista dessas projecções é nulo ou de nenhuma relevância. O erro primeiro, e talvez o mais gravoso, é que elas parecem ter sido feitas pelos especialistas errados. O bom senso aconselharia que o mesmo estudo fosse feito pelos especialistas que perscrutam os meandros da vida e da morte, da saúde e da doença: os médicos.


Mas não! Hoje em dia existe uma espécie, a que já me referi, que se imiscui impudicamente em todos os sectores da vida humana, que opina sobre temas que fogem da sua área de conhecimento e que, criminosamente, decidem ou são preponderantes na tomada de decisão: os economistas.


O segundo erro cometido pelos ditos técnicos omniscientes é que sustentaram tais projecções em dados que, mesmo na actualidade, são obsoletos e descartáveis. A esperança média de vida na civilização ocidental dos nossos dias decorre da conjugação do modo de vida menos sedentário de há décadas atrás, com a implementação de medidas preventivas no domínio da saúde, com progressos inusitados na ciência médica, incluindo a emergência de tecnologias sofisticadas de diagnóstico e terapêutica.


Pois bem. O sedentarismo tenderá, inevitavelmente, a aumentar, num reflexo de um modo de estar pouco consentâneo com os padrões aconselháveis de uma vida saudável. O ritmo de vida, o frenesim de um quotidiano que nos pretendem impor, em que a competitividade, a mobilidade, a incerteza e a impossibilidade de afirmar projectos de vida estáveis são noções de culto propagandeadas pelos reverenciados especialistas, apontará para níveis de ansiedade que se tornarão crónicos e, por consequência, letais.


Por isso, não pretendam confundir mentes, tomando-nos por imbecis. As pessoas viverão cada vez menos e, por isso mesmo, não deveremos atribuir a, também predeterminada, falência dos sistemas de segurança social ao prolongamento da esperança média de vida.


Preocupa-me, sim, o facto de amplas, jovens e qualificadas franjas de população activa estarem a ser relegadas para o desemprego. Uma sociedade sã não se pode dar ao luxo de desperdiçar recursos no seu auge produtivo e manter no activo cidadãos que já se encontram na fase descendente do seu perfil produtivo. Cidadão desempregado não é cidadão contribuinte.


Contradições... ou talvez não.


Palavra do Monge


Sem comentários: