Aroeira
Há uns tempos foi o comunismo. Desabou fragorosamente, com os aplausos daqueles que pretendiam a hegemonia mundial. Oportunistas militantes defenderam e difundiram teses que apontavam para uma via de sentido único, que se designou como capitalismo neoliberal. Bill Gates designa-o como capitalismo criativo, enaltecendo as potencialidades de intervenção solidária que tal sistema permite. De facto é uma espécie de sopa dos pobres, a prática da caridadezinha. São visões tacanhas do mundo e do Homem, encarado este como mero instrumento de produção. Diria eu que é um novo sistema esclavagista, que fornece a muitos apenas os meios de subsistência essenciais à produção de trabalho.
Desta vez foi o capitalismo, na sua versão bestificada e selvagem, sustentada pelo apelo ao individualismo egocêntrico, pelo princípio do estado mínimo e pelo dogmatismo de um mercado aberto e livre, sem peias nem reservas. Estoirou, como se previa. E todos pagam pela incompetência e má fé de alguns. Incompetência de governantes, gestores e empresários que pugnaram pela precaridade, mobilidade e instabilidade a vários níveis dos trabalhadores. Cegueira e parca inteligência de governantes e afins que não compreenderam que a estabilidade de emprego gera outras estabilidades e, por conseguinte, é factor de desenvolvimento. Cegueira destes protagonistas às lições da história, que aponta para crises cíclicas do capitalismo. É preciso destruir para desenvolver. Constatemos a falta de originalidade.
Governantes de vistas tolhidas, líderes e gestores incapazes de ver mais longe do que o seu umbigo. Que pegassem no exemplo de Ford. Estabilidade de emprego e salários dignos foram a sua estratégia para o desenvolvimento. Humanização nas relações laborais envolveram trabalhadores e empresário em objectivos comuns para benefício mútuo.
Mas gestores, empresários e governantes de hoje são exasperadamente banais e afinam pelo mesmo diapasão. Governantes sem perfil de homens de estado, profundamente implicados com sectores que não os da coisa pública ou do bem comum.
A crise esperada aí está. Quem a vai pagar é o mexilhão do costume. Mas o mexilhão que se mexa e assaque responsabilidades a quem de direito, ou de direita. O mundo não pode ficar o mesmo. E a solução é tão simples. Oportunidade de trabalho estável para todos. Salário digno desse nome. E o desenvolvimento virá por acréscimo, muito naturalmente.
Valha-nos Santa Luzia.
Palavra do Monge
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