O nosso primeiro releva as virtudes da maioria absoluta. Justifica-o com a necessidade de decapitar, trinchar, esmagar o que designa por certos corporativismos. Alguns. Não todos.
O Monge assume-se como democrata. Por isso, respeita o princípio da livre associação. Prefere este termo ao de corporativismo. Este soa-lhe a terminologia azeda, ressuscitada a partir de sabe-se lá que estranhos desígnios. Mas vai usá-la, para facilitar a contextualização.
A génese de uma associação, profissional ou de qualquer outra natureza, emerge de uma necessidade. Por um lado, de auto-defesa contra certos ataques mais ou menos venenosos, mais ou menos dissimulados. Por outro, pressupõe o reconhecimento da sua importância social. Visa ainda assumir-se como elemento potenciador de uma resposta coesa a necessidades grupais. Pode, eventualmente, ter como objectivo a assunção do poder.
Neste sentido, eu atrever-me-ia a designar os partidos como corporações de indivíduos, enleados num cerne de princípios, valores e objectivos comuns, coniventes com um projecto de conquista de poder, visando a intervenção ou mudança social. São, indubitavelmente, pilares da democracia, desde que as suas acções sejam conformadas pela regulação constitucional, no respeito consciente pelo primado da separação de poderes.
Existem, evidentemente, associações proibidas, catalogadas com o exercício pernicioso de maiorias não legitimadas ou sustentadas por tentativas de legitimação nada transparentes e segregadoras, conforme comprovam evidências históricas.
O Monge considera as corporações partidárias como entidades essenciais ao exercício democrático do poder. No entanto, não esgotam o espectro das entidades corporativas com intervenção político-social. Deste modo, a emergência de outras corporações é salutar e desejável. Constituem alternativas cuja acção complementa a acção partidária e equilibra a intervenção política e social comunitária.
Podem ser um estorvo, particularmente a projectos de homogeneização e perpetuação do poder.
Assim sendo, são benvindas para a generalidade dos cidadãos e a sua acção é determinante para a dissuasão de tentativas mais ou menos totalitárias. É a vantagem do multilateralismo introduzido nas interacções político-sociais.
O nosso primeiro excluiu à partida o exercício desse multilateralismo, vulgarmente designado como negociação, concertação ou diálogo. O Monge compreende as suas relações promíscuas com a tal maioria absoluta, mas agradece aos tais corporativismos a sua acção preventiva ou reactiva.
Maiorias absolutas não. Escaldam que se fartam. Não se peça a gato escaldado que repita a experiência. O Monge já tem medo até da água fria. Há limites para o sadomasoquismo.
Palavra do Monge
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