sábado, novembro 15, 2008
TU ÉS
sexta-feira, novembro 14, 2008
Ditadura em democracia-uma possibilidade
Quando eles assumem lugares na cúpula do poder, não há bombeiros que nos acudam. Tornam-se incendiários compulsivos, um perigo público que implica recrutamento de recursos em larga escala, para reparar e conter os danos da sua criminosa acção. Mais ainda, quando mais tardia for a reacção, maiores serão as consequências nefastas decorrentes.
Pois, os professores reagiram tarde. O direito à indignação, atempadamente exercido, pode constituir uma bóia de salvação, não para prosseguir pretensos e tão propalados interesses corporativos, mas para defender instituições fundamentais como a da escola pública, afirmar a sua boa prática em prol de uma educação de qualidade e contribuir para o desenvolvimento social.
Por conseguinte, seria desejável que, contra toda a propaganda difundida pelos media arregimentados pelo poder, se criasse um amplo movimento social, solidamente ancorado na prossecução do verdadeiro interesse público, desparasitado de conluios aparelhísticos ou carreiristas, estes sim, emanações de um corporativismo elitista pernicioso, de natureza político-partidária.
Uma maioria absoluta, tendo como protagonistas pessoas inescrupulosas,que não sustentam a sua acção em causas e princípios universalmente justos, que varreram da sua visão do mundo e da sociedade a ideologia orientadora, que omitiram da sua prática política a cartilha de valores que dão coesão e sentido ao partido a que pertencem, é uma amostra de como, sob a capa de uma pseudo-democracia, se dá corpo a uma ditadura de facto.
Deste modo, a Assembleia da República perde a sua razão de ser. A confrontação de ideias, o exercício do contraditório, transforma-se num diálogo de surdos, em face da inflexibilidade da maioria. Deste modo, propostas porventura válidas, passíveis de ser integradas em projectos normativos mais consensuais porque mais participados, são pura e simplesmente excluídas, num claro desrespeito pelos parceiros de bancada.
Esta estratégia assume-se como uma espada de dois gumes. A assunção unilateral de decisões responsabiliza apenas quem as toma. Neste caso, o descambar da estrutura económica e social do país é atribuível em exclusivo ao governo da maioria e ao partido de onde emergiu.
E que não venham a lume desculpas com a crise internacional. Muito antes dela se ter evidenciado, já este país estrebuchava em crise interna de gravidade evidente, com raízes em medidas desastrosas conducentes ao abrandamento económico, ao desemprego, ao trabalho precário, a bolsas de miséria e de exclusão, ao advento da criminalidade violenta, ao desagregar da família e outras mazelas que são do conhecimento geral.
Podem ser prepotentes e pouco ou nada democratas. Mas lá que são responsáveis são. E a punição surgirá, "mais tarde que cedo".
Palavras do Monge
domingo, novembro 09, 2008
PROFISSÃO DE FÉ
Para além de socialista, o Monge já foi militante. Já não o é. Paradoxalmente, ou talvez não, deixou de sê-lo pouco tempo após a chegada ao poder do actual governo. A opção Sócrates afigurou-se-lhe, então, como a alternativa interna que se impunha face a uma deriva nacional e internacional preocupante, que pressupunha colagens a uma apregoada mudança, repleta de estereótipos que contrariavam as suas ideias quanto ao modelo de sociedade, que ele pretendia estável, justa, desenvolvida e participada.
Foi traído. Definitiva e irredutivelmente traído. E uma traição desta natureza não se perdoa. É humilhante, confrangedora. O vazio daí decorrente doeu, persistentemente. A ferida não cicatriza, imune a quaisquer acções terapêuticas.
O Monge continua socialista. Tanto o esboroar do Muro, como o colapso previsível, mas fragoroso, da teologia do mercado livre vieram comprovar as suas convicções. A sua confiança na natureza humana sempre foi limitada, suportada por uma análise antropológica que fez emergir os perigos da sua intrínseca animalidade. Contra genes e química inconsciente a luta é dura e as derrotas frequentes. A racionalidade cede demasiadas vezes à parcela instintiva do Homem.
A sua confiança nos políticos, na estrutura e funcionamento partidários ruiu. A sua crença nas potencialidades exclusivas do Estado Social acentuou-se. É preciso renovar a luta por uma Educação Pública de qualidade para todos, geradora de iguais oportunidades e propiciadora de recursos em quantidade e qualidade adequados; é preciso contrariar tendências direccionadas para um ensino exclusivo, elitista e segredador, de natureza privada e apologista de uma sociedade de castas.
Iguais posturas se devem manter relativamente à saúde, à justiça e ao sistema de redistribuição da riqueza. A história recente assim o exige. O Individualismo cego faliu, pouco tempo após o Comunismo castrador da diferença.
Pois, o Monge continua irredutivelmente socialista, estranhamente jovem e estranhamente actual na maneira do ver o Mundo. Irredutivelmente adverso àquele partido que já foi o seu, mas que incorporou na sua prática e no seu discurso, de forma irresponsável mas criminosamente intencional, as veleidades do dito Individualismo. Essa deriva deve ser punida, na justa proporção dos danos irreparáveis que causou e que continua a causar. A bem do verdadeiro desenvolvimento, aquele que assenta no primado da dignidade do Homem/Pessoa e Homem/Comunidade.
A propósito. O Monge esteve lá, naquela dos 120 000. Muito crítico, muito consciente e muito orgulhoso por ser professor.
Sim, nós vamos conseguir.
Palavra do Monge