domingo, novembro 09, 2008

PROFISSÃO DE FÉ


After Kimt - Erica Harney





Imagine-se! O Monge é socialista. Visceralmente socialista. As suas visão do mundo e consciência social foram forjadas em 74. Tinha o Monge 17 anos. Hoje tem 51 e as suas convicções mantêm-se mais inabaláveis que nunca. Porque comprovadas com o fluir das circunstâncias, analisadas com o estatuto de observador participante ou não.



Para além de socialista, o Monge já foi militante. Já não o é. Paradoxalmente, ou talvez não, deixou de sê-lo pouco tempo após a chegada ao poder do actual governo. A opção Sócrates afigurou-se-lhe, então, como a alternativa interna que se impunha face a uma deriva nacional e internacional preocupante, que pressupunha colagens a uma apregoada mudança, repleta de estereótipos que contrariavam as suas ideias quanto ao modelo de sociedade, que ele pretendia estável, justa, desenvolvida e participada.



Foi traído. Definitiva e irredutivelmente traído. E uma traição desta natureza não se perdoa. É humilhante, confrangedora. O vazio daí decorrente doeu, persistentemente. A ferida não cicatriza, imune a quaisquer acções terapêuticas.



O Monge continua socialista. Tanto o esboroar do Muro, como o colapso previsível, mas fragoroso, da teologia do mercado livre vieram comprovar as suas convicções. A sua confiança na natureza humana sempre foi limitada, suportada por uma análise antropológica que fez emergir os perigos da sua intrínseca animalidade. Contra genes e química inconsciente a luta é dura e as derrotas frequentes. A racionalidade cede demasiadas vezes à parcela instintiva do Homem.



A sua confiança nos políticos, na estrutura e funcionamento partidários ruiu. A sua crença nas potencialidades exclusivas do Estado Social acentuou-se. É preciso renovar a luta por uma Educação Pública de qualidade para todos, geradora de iguais oportunidades e propiciadora de recursos em quantidade e qualidade adequados; é preciso contrariar tendências direccionadas para um ensino exclusivo, elitista e segredador, de natureza privada e apologista de uma sociedade de castas.



Iguais posturas se devem manter relativamente à saúde, à justiça e ao sistema de redistribuição da riqueza. A história recente assim o exige. O Individualismo cego faliu, pouco tempo após o Comunismo castrador da diferença.



Pois, o Monge continua irredutivelmente socialista, estranhamente jovem e estranhamente actual na maneira do ver o Mundo. Irredutivelmente adverso àquele partido que já foi o seu, mas que incorporou na sua prática e no seu discurso, de forma irresponsável mas criminosamente intencional, as veleidades do dito Individualismo. Essa deriva deve ser punida, na justa proporção dos danos irreparáveis que causou e que continua a causar. A bem do verdadeiro desenvolvimento, aquele que assenta no primado da dignidade do Homem/Pessoa e Homem/Comunidade.



A propósito. O Monge esteve lá, naquela dos 120 000. Muito crítico, muito consciente e muito orgulhoso por ser professor.



Sim, nós vamos conseguir.



Palavra do Monge

Sem comentários: