sexta-feira, novembro 14, 2008

Ditadura em democracia-uma possibilidade






Há pessoas para quem a democracia é um constrangimento. São ditadores em potência e podem manifestá-lo na gestão das suas relações. É um problema para eles e para os próximos mas, em linguagem de bombeiro, constitui uma ocorrência circunscrita.



Quando eles assumem lugares na cúpula do poder, não há bombeiros que nos acudam. Tornam-se incendiários compulsivos, um perigo público que implica recrutamento de recursos em larga escala, para reparar e conter os danos da sua criminosa acção. Mais ainda, quando mais tardia for a reacção, maiores serão as consequências nefastas decorrentes.



Pois, os professores reagiram tarde. O direito à indignação, atempadamente exercido, pode constituir uma bóia de salvação, não para prosseguir pretensos e tão propalados interesses corporativos, mas para defender instituições fundamentais como a da escola pública, afirmar a sua boa prática em prol de uma educação de qualidade e contribuir para o desenvolvimento social.


Por conseguinte, seria desejável que, contra toda a propaganda difundida pelos media arregimentados pelo poder, se criasse um amplo movimento social, solidamente ancorado na prossecução do verdadeiro interesse público, desparasitado de conluios aparelhísticos ou carreiristas, estes sim, emanações de um corporativismo elitista pernicioso, de natureza político-partidária.




Uma maioria absoluta, tendo como protagonistas pessoas inescrupulosas,que não sustentam a sua acção em causas e princípios universalmente justos, que varreram da sua visão do mundo e da sociedade a ideologia orientadora, que omitiram da sua prática política a cartilha de valores que dão coesão e sentido ao partido a que pertencem, é uma amostra de como, sob a capa de uma pseudo-democracia, se dá corpo a uma ditadura de facto.



Deste modo, a Assembleia da República perde a sua razão de ser. A confrontação de ideias, o exercício do contraditório, transforma-se num diálogo de surdos, em face da inflexibilidade da maioria. Deste modo, propostas porventura válidas, passíveis de ser integradas em projectos normativos mais consensuais porque mais participados, são pura e simplesmente excluídas, num claro desrespeito pelos parceiros de bancada.



Esta estratégia assume-se como uma espada de dois gumes. A assunção unilateral de decisões responsabiliza apenas quem as toma. Neste caso, o descambar da estrutura económica e social do país é atribuível em exclusivo ao governo da maioria e ao partido de onde emergiu.



E que não venham a lume desculpas com a crise internacional. Muito antes dela se ter evidenciado, já este país estrebuchava em crise interna de gravidade evidente, com raízes em medidas desastrosas conducentes ao abrandamento económico, ao desemprego, ao trabalho precário, a bolsas de miséria e de exclusão, ao advento da criminalidade violenta, ao desagregar da família e outras mazelas que são do conhecimento geral.



Podem ser prepotentes e pouco ou nada democratas. Mas lá que são responsáveis são. E a punição surgirá, "mais tarde que cedo".



Palavras do Monge



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