quinta-feira, outubro 12, 2006

Harold Weston
A
PROCURA-SE
*
Jornalista independente, objectivo na investigação, claro na exposição. Que não peque por omissão. Que não manipule malevolamente o discurso. Que não se deixe arregimentar por interesses de outrem. Que não paute seus títulos e artigos pelo impacto leviano na opinião pública. Enfim, suficientemente corajoso, sério e imparcial.
*
O monge duvida que apareçam muitos jornalistas com currículo adequado ao solicitado. É um facto que se contarão pelos dedos aqueles jornalistas efectivamente objectivos e independentes. Jornais, televisões e rádio assumem-se como enformadores não só de opiniões, como também de comportamentos, hábitos, atitudes. Não é vã a sua atribuição como Quarto Poder.
*
Tal influência no indivíduo e na sociedade despertou a cobiça dos senhores do dinheiro e donos da economia. Formaram voo picado sobre os média na sua sofreguidão patológica pelo poder e controlo social. Os exemplos surgem-nos por todo o mundo, nesta época de expansão de um capitalismo sem peias. O poderio económico conduziu a concentração dos meios de comunicação nas mãos de uns poucos. Pelas contas do Monge, em Portugal, estarão concentrados na mãos de muito poucos. Cerca de três, sendo que um dos grupos é a pura e simples correia de transmissão da propaganda do governo.
*
Como essa propaganda não difere nada da dos grupos restantes, o Monge constata que o direito de expressão está ferido de morte. Os jornalistas são arregimentados pela sua capacidade de mediar o discurso dos patrões, filtrando, conformando e manipulando informação. Não serão, consequentemente, modelos de competência e ética jornalística. São os papagaios da comunicação. Verbalizam, escrevem, mas não são conscientemente críticos nem objectivamente independentes. Se lhes passarem pela mente alguns vislumbres de má consciência, serão irremediavelmente colocados no olho da rua.
*
Isso tem a vantagem de, afinando uma prudente desconfiança, muita gente apure o seu espírito crítico, dando o devido desconto àquilo que vêem, ouvem ou lêem. A relação afectiva e de lealdade para com um média esfumou-se. Lê-se, ouve-se e vê-se para criticar autores e linhas editoriais, não para se informar.
N
Então e o pobre e desafortunado público? Como e onde expressará a sua opinião? Aqui mesmo, na net. Daí a sua relevante importância como enorme palco alternativo de comunicação. Que desfalque para os média comuns! Sinais dos tempos. Destes conturbados mas fascinantes tempos de uma tão propagandeada mudança.
Palavra do Monge

Sem comentários: