segunda-feira, julho 10, 2006

A QUADRATURA DO CÍRCULO
"Freitas do Amaral era um ministro quadrado, Luis Amado e Severiano Teixeira são ministros redondos"
Pacheco Pereira, citado na Visão
O Monge não vai fazer a mínima tentativa de contextualizar a citação estranhamente geométrica de Pacheco Pereira. Reconhece que não viajou até à fonte de informação para sacudir a estranheza que lhe impregnou a mente após a leitura de tão curta expressão. De forma que vai tentar fazer um exercício de descodificação, partindo dos perfis intuídos dos protagonistas activos e passivos deste incidente.
Presume que Pacheco Pereira não cometeria a descortesia de conectar tal expressão com a aparência física dos visados. O monge omite vigorosamente tal possibilidade que, no seu entender, seria altamente pejorativa, tanto para Freitas do Amaral, como para os seus sucessores, como para o próprio Pacheco Pereira ou mesmo para o próprio Monge.
Erradicando do nosso exercício a aparência física de cada qual, afinal de conta um pormenor insignificante, resta-nos enveredar pela envolvente psicológica de toda a questão. Será que PP quis afirmar que Freitas do Amaral era um governante teimoso, inflexível, difícil de demover das suas decisões? E que, por consequência, o seu percursor, mais macio, mais maleável, detinha as capacidades inerentes a funções diplomáticas?
O Monge inclina-se para esta última hipótese e tira algumas conclusões. Este governo não admitia duas individualidades quadradas no seu elenco: Freitas e Sócrates. Para que funcione, só necessita de um quadrado e muitos redondinhos, que voguem sem recalcitrar ao sabor do quadrado sopro socrático.
O Monge sente-se frustrado. De facto, acha que o qualificativo quadrado de Freitas era sinónimo de qualificação. Acha que as posições por ele tomadas foram corajosas, oportunas, justas e uma marca de carácter. O governo ficou, portanto, mais pobre mas, reconheçamos, muito mais maneável, o que para o Monge é muito mau sinal.
Deus nos livre dos redondinhos. São um perigo neste trânsito político infernal. Palavra do Monge.

Sem comentários: