segunda-feira, abril 30, 2007

Hands - Kelly Vivanco



A DUALIDADE MEIOS/RESULTADOS


Está em voga a teoria descarada de que, nesta sociedade ao Deus dará, o que interessa são os resultados. As metodologias, as estratégias, os prazos, os recursos, tudo o que faça parte do caminho, não assume pertinência. Os estropiados, os escanzelados, as baixas nesta guerra em que nos transformam a vida são insignificantes. Azar o seu. Não tiveram oportunidade, não tiveram capacidade ou nasceram sem elas, ou já as perderam.


Esta descarada teoria despreza um dos pilares da sociedade verdadeiramente democrática. Porque há sociedades que se auto-titulam como tal mas que não o são. E a sociedade portuguesa, nesta data e nesta conjuntura, está contaminada com essa pegajosa hipocrisia. Esse pilar é a fraternidade. Palavra vã e chocha, não se coaduna com a agressividade dominante. É muito sensaborona e sentimental. Resquício de um romantismo obsoleto e pouco pragmático.


Pois bem, passemos pragmaticamente a alguns resultados das medidas do Processo Retrógrado em Curso, vulgo PREC.



  • Entre 300 a 500 médicos deixaram o Serviço Nacional de Saúde para desempenhar funções exclusivas no sector privado;


  • Muitos desses médicos são especialistas de renome;


  • A grande maioria pede licença sem vencimento de longa duração.

Consequências: um Serviço Nacional de Saúde cada vez mais exaurido e ineficaz. Oportunidades de mão beijada (no sentido literal) a um sector privado especializado. Responsável: esta governança que aplica o PREC.




  • Os dirigentes superiores da administração pública não vão estar sujeitos ao regime altamente restritivo de progressão dos seus subordinados. Dois pesos, duas medidas. Quem se lixa? O mexilhão do costume. Quem beneficia? Os bajuladores do costume, os oportunistas, os homems de mão do poder. Responsável: esta governança que aplica o PREC.

Há quem fique impressionado com o estilo e o aplauda freneticamente. Imagine-se quem. Nada mais, nada menos que Nicolas Sarcozy, candidato à droite na corrida presidencial francesa! Diz-me quem te bate nas costas que eu desconfio.


Palavra do Monge




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