JANELAS SEM TINO
Foste tu predestinado,
Fadado por nascimento,
A construir mil janelas
Viradas para qualquer lado.
O quarto escuro, sombrio,
onde acordaste, num brado,
Era gelado, tão frio,
Sórdido cárcere limitado.
Abriste janelas sem tino,
Num acesso de cegueira,
Foste delimitando o destino,
com seteiras na fronteira.
Aprendeste com os enganos,
Ou não aprendeste, afinal?
Por muitos que sejam os danos,
Errar, sendo humano, é natural.
Janelas para as traseiras
São pequenas, limitadas,
Restringem tua visão.
Janelas para a frontaria,
Dão-te o mundo em colisão
No confronto do dia-a-dia.
Janelas grandes ofuscam
O brilho do teu olhar.
Janelas pequenas demais
Não te deixarão ver o mar.
Tu vais abrindo janelas
Mas outras vais querer fechar.
Umas mostram-te a rude vida
Em tons negro e cinzento.
Outras abrem-se, em seguida,
Na cor mágica de um momento.
Tu abres janelas para fora,
Tu abres janelas para dentro,
Poderás, a qualquer hora,
Reflectir teu sentimento.
Tu vais abrindo janelas
Mas outras vais querer fechar.
Não feches tuas janelas
Produto de tal labor.
Quererás voltar a elas
Para te lembrares do sabor.
Tu vais abrindo janelas
Mas outras vais querer fechar.
Não feches tuas janelas,
Não te vá faltar o ar...
O Monge
Produto de tal labor.
Quererás voltar a elas
Para te lembrares do sabor.
Tu vais abrindo janelas
Mas outras vais querer fechar.
Não feches tuas janelas,
Não te vá faltar o ar...
O Monge
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